Os escorpiões são animais invertebrados e surgiram há cerca de 410 milhões de anos atrás e não sofreram mudanças morfológicas significativas ao longo dessas centenas de milhões de anos.
Há cerca de 1900 espécies desses artrópodes venenosos da classe dos aracnídeos. Sim, todos são venenosos, mas somente cerca de 25 espécies possuem veneno letal para o ser humano. Os escorpiões, cientificamente conhecidos como Scorpiones, costumam medir cerca de 12 centímetros, mas podem chegar a 21 centímetros de tamanho. No geral, eles vivem mais que suas parentes, as aranhas, podendo romper a barreira dos 6 anos.
A estrutura corporal dos escorpiões e das aranhas é praticamente a mesma – a despeito de nosso aparelho visual informar que há significativas diferenças! -, com algumas diferenças cruciais a saber:
o abdômen do escorpião é dividido em duas partes: uma parte anterior, mais próxima ao tronco, chamada de mesossoma a qual possui sete segmentos.
O escorpião possui também, eis uma diferença evidente, uma parte posterior, a cauda com o ferrão, chamada de metasoma a qual possui cinco segmentos.
Visualmente, é fácil perceber que os escorpiões também possuem pedipalpos, ou simplesmente palpos, mas eles são bem mais desenvolvidos do que os palpos das aranhas. Os pedipalpos são aquelas garras em forma de pinça que parecem sair da região da “cabeça”, semelhante ao que percebemos nos caranguejos.
No Brasil, podemos destacar duas espécies de escorpiões que costumam aterrorizar a população, exigindo uma ação dedetizadora: o escorpião-amarelo, Tityus serrulatus, e o escorpião-marrom, Tityus bahiensis. Interessante notar que ambos pertencem ao gênero Tityus, encontrado fartamente na América do Sul e principalmente no Brasil. Há cerca de 200 espécies desse gênero de escorpião. O principal problema do escorpião com relação à saúde humana é o seu veneno que possui ação neurotóxica, a qual ataca o sistema nervoso.
O escorpião-amarelo aparece em quase todo o território nacional, com exceção da região Norte e do extremo sul do Brasil. Ele pode medir 7 centímetros de comprimento e se adaptou bem ao ambiente urbano. Também, outra característica que ajuda na proliferação dessa praga urbana é a reprodução por partenogênese. Essa é uma reprodução assexuada em que não há a necessidade de ocorrer a fecundação. Assim, todos os escorpiões-amarelos podem, sem acasalamento, reproduzir e começar uma colônia. No caso do escorpião-amarelo encontrado no Brasil, todos os indivíduos são fêmeas.
O escorpião-marrom costuma aparecer nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil. Esse aracnídeo também pode chegar a 7 centímetros e possui hábitos noturnos. Ele gosta de ambientes úmidos e tem aversão à luz. No Centro-Oeste, o escorpião-marrom gosta de ficar às margens de fontes de água, como lagos e nascentes. Não por acaso, o escorpião-marrom é o responsável pelo maior número de escorpionismos – envenenamentos humanos causados pelo veneno escorpiônico – em áreas rurais.
Segundo dados do Ministério da Saúde, no ano de 2015, houve 119 casos mortais de escorpionismo no Brasil, com 74.598 casos de picadas. Esse número impressiona porque o número de óbitos no ano de 2005 alcançou 45 casos. Ou seja, em dez anos houve um aumento de mais de 100% de mortes por escorpionismo.
No Centro-Oeste, houve 8 casos de morte por picada de escorpião, igualando o triste recorde do ano de 2013. Entre os anos de 2000 e 2015, o Distrito Federal apresentou duas mortes por escorpionismo, uma no ano de 2013 e outra no ano de 2014.
Ainda consultando os dados do Ministério da Saúde, as mortes causadas por veneno de cobras alcançaram 107 óbitos em 2015, com 24.467 casos com algum tipo de acidente ofídico. Assim, em números absolutos, os escorpiões mataram mais brasileiros do que as temidas cobras em 2015.
Com relação à dedetização desses aracnídeos, é importante salientar que os escorpiões podem sobreviver em condições muito precárias, aguentando bem a falta de comida e de água. Assim, percebe-se o quanto o escorpião é uma praga urbana resistente.
Escorpiões costumam sair do habitat natural e invadir as residências por conta de um fator: comida. Eles costumam se abrigar em buracos sob as portas, embaixo da estrutura das janelas, próximo aos canos de água ou em qualquer reentrância que ofereça segurança para eles. Assim, lugares escuros e úmidos, a rede de esgotos, lugares sujos e com pouco movimento são apreciados pelos escorpiões.
A dedetização pode caminhar na direção de diminuir as condições ambientais que proporcionem a infestação de escorpiões. Nesse caso, é importante localizar buracos na estrutura domiciliar, remover entulhos e aplicar inseticida no lugar de acomodação do escorpião.
Como os escorpiões costumam se alojar em lugares de difícil acesso, o uso de produtos químicos é muitas vezes recomendável. Todavia, o uso de agentes químicos, mesmo que poderosos, pode não ser efetivo se aplicado por alguém que não conheça bem as técnicas de dedetização contra escorpiões. É necessário que o dedetizador tenha conhecimento e experiência para aplicar o agente químico – ou alguma técnica dedetizadora – apropriado ao tipo de escorpião e à situação de infestação.